terça-feira, 27 de março de 2012

270 anos do Convento de Santa Teresa

Localizado na cidade do Rio de Janeiro, o 1º. Carmelo do Brasil.
"Muito me alegro com as carmelitas por sua bela, rica e fecunda história e tradição." (Pe. Silmar Alves Fernandes)

História - Berço do Carmelo no Brasil - genuinamente brasileiro

NASCIMENTO E INFÂNCIA DE JACINTA

Jacinta
No dia 15 de outubro de 1715, festa de Santa Teresa, nascia na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro uma menina que recebeu na pia batismal o nome de Jacinta, filha de José Rodrigues Aires, natural da cidade do Porto em Portugal e Maria de Lemos Pereira, natural do Rio de Janeiro no Brasil.

Fala-se que a menina era pálida e bela. Desde muito cedo recebia educação religiosa. De noite escutava lendas e histórias de santos e de manhã acordava alegre para ir a Missa com seus pais. Carregava no pescoço um cordão com a imagem de Nossa Senhora que havia ganhado de sua mãe e dizia que com ele vivia sempre livre dos perigos e desgraças.

Entre muitas histórias de santos que ouvia, Jacinta se apegou a de Santa Teresa. Um dos motivos sem dúvida era o fato de ter nascido no dia da festa desta santa. Mas a santidade e a vida dedicada a Deus por Santa Teresa era o que mais a atraía. Jacinta suplicava a santa sempre que uma dor ou temor a incomodava.

Antes de atingir oito anos de idade, Jacinta ocupava os ouvidos dos padres para relatar visões que tinha de Nossa Senhora e outras vezes de Santa Teresa. Alguns relatos se dão conta de que um dia, Jacinta quando voltava da escola caiu em um lago que havia perto da Igreja do Rosário. Logo invocou a proteção de Santa Teresa que a teria tirado do lago. Em outro relato, Jacinta se via caindo do antigo Morro de Santo Antônio quando foi salva pela santa de sua devoção.

Os anos se passavam e a devoção de Jacinta aumentava. As visões também. Desde muito jovem, a menina passava longas horas em oração, jejum e penitência. Um pouco mais crescida, Jacinta desejou ingressar num convento, porém sua mãe foi contra.

As visões foram um marco na vida de Jacinta. Certa vez, ela viu Jesus aparecer curvado sob o peso da cruz e olhando com amor. Logo em seguida, tirou o lenho da cruz para descansar por alguns momentos sobre os ombros de Jacinta.

Aos quinze anos de idade, Jacinta sofreu um ataque nervoso, doença que a perseguia desde sua infância. Esse fato a deixou em completa insensibilidade como se estivesse morta. Ficou assim por dois dias. Todos já acreditavam em sua morte e já tomavam providências para o sepultamento quando ela acordou e voltou a si.

‘As visões de Jacinta e os fatos considerados por muitos como milagrosos já se espalhavam pela cidade do Rio de Janeiro e muitos já consideravam Jacinta como uma santa. Porém os médicos atribuíam essas visões a uma doença chamada catalepsia. A precariedade da época fazia com que nem os médicos nem a população afirmassem com certeza aquilo que Jacinta proclamava.

VOCAÇÃO DE JACINTA E A CHÁCARA DA BICA

O desejo de ingressar num convento venceu a negação da mãe. Francisca, sua irmã, desejou seguir Jacinta em sua vocação. As duas irmãs se preparavam para embarcar rumo a Lisboa em Portugal para obter licença e escolher o convento para se recolherem, quando Jacinta sofreu uma grave queda que a deixou enferma. A viagem teve que ser suspensa.

Semanas depois, quando melhorou um pouco, Jacinta ia a Missa encostada no ombro de sua irmã Francisca na antiga Ermida de Nossa Senhora do Desterro onde habitavam religiosos capuchinhos. Um dia, voltado da Missa nessa ermida, passando pelo caminho de Matacavalos, que levava esse nome por ser uma estrada de terra e lama e passagem de carruagens e cargas carregadas por cavalos que frequentemente quebravam suas patas passando pelo terrível e sinuoso caminho e acabavam tendo que ser sacrificados, Jacinta notou uma antiga chácara denominada Bica. O lugar estava abandonado e possuía algumas casas simples de madeira que já se arruinavam. Porém o sítio era grande com muitas árvores e parecia muito solitário e silencioso. A chácara também ficava bem próxima da ermida do Desterro.

Jacinta se interessou pelo terreno e logo com a ajuda de seu tio materno, o capitão Manuel Pereira Ramos, comprou a chácara do então proprietário, o Tenente Coronel Domingos Rodrigues Távora que havia arrendado o terreno para exploração de pedras do Senhor Manuel Rodrigues Picanço. Era março de 1742 e foi paga a quantia de 2:100$000 ou um conto e cem mil réis pelo terreno.

Neyde Gomes relada em seu livro chamado de História dos assentamentos de terras em Santa Teresa que os limites da chácara da Bica eram compreendidos pelas do Curvelo, ladeira de Santa Teresa, Riachuelo até o número 89, limitando-se a partir desse número por uma linha reta deitada em direção à rua do Aqueduto da Lapa.

No dia seguinte da compra, Jacinta se mudou para a chácara. Era dia 27 de março de 1742, terça feira de páscoa. Jacinta mostrou para seu irmão José Gonçalves Aires que era Padre, um audacioso projeto, porém lhe confiou em segredo. No dia seguinte, Jacinta foi a Missa na ermida do Desterro, confessou e comungou. Voltou para a chácara e dando adeus aos lares paternos ali entrou em retiro. O único tesouro que trouxera foi uma imagem do Menino Deus. Na casa não havia nenhum oratório. Com a ajuda de seu irmão Padre José, improvisou junto a parede um altar provisório feito com umas varas e ornado com flores e ervas odoríferas que ela foi colher perto de uma fonte de água que havia na chácara. Foi nesse altar que Jacinta se ajoelhou perante a imagem e murmurou as primeiras orações naquele lugar.

Jacinta recomendou ao seu irmão que levasse seu abraço aos seus pais e que convidasse sua irmã Francisca caso quisesse viver com ela naquele retiro. Francisca não demorou ir ao encontro de sua irmã e logo foram enclausurar-se naquele lugar sagrado. Para isso, assumiram novos nomes: Jacinta de São José e Francisca de Jesus Maria.

A ORIGEM DA CAPELA DO MENINO DEUS

Não demorou a que as irmãs conseguissem erguer um pequeno templo cujo padroeiro seria o Menino Jesus. Para isso, foi necessária a autorização do então Bispo do Rio de Janeiro, Dom Frei João da Cruz. Tal autorização foi concedida na data de 03 de abril de 1742. Jacinta e Francisca venderam algumas joias pessoais e com o dinheiro compraram a cal na Casa do Alcântara para iniciar a construção da capelinha.

Em 1741. Dom Frei João da Cruz tentou adiantar as obras do futuro Convento da Ajuda que ficaria localizado onde hoje fica o Lardo da Cinelândia. O convento seria sob a Regra de Santa Clara. O Bispo convidou Jacinta para a fundação em 14 de maio 1742, mas ela já estava firme na sua vocação de seguir as regras de Santa Teresa e não cedeu ao convite.

Sob a direção pessoal de Jacinta, trabalhavam nas tardes e nas noites de luar. Jacinta levava as pedras nas costas. Francisca na cabeça e Padre José juntamente com seu irmão Sebastião eram ajudados por alguns escravos que carregavam em um carrinho de mão. De longe os curiosos observavam a façanha.

A notícia dos atos de Jacinta não demorou a chegar aos ouvidos do então Governador do Rio de Janeiro, Gomes Freire de Andrade, através do Padre jesuíta Luiz Tavares. Gomes Freire era um homem temente a Deus e ajudou a erguer muitas igrejas no Centro do Rio de Janeiro durante seu governo. Gomes Freire colaborou financeiramente e ajudou a arcar os custos da construção da Capela. As esmolas dos fiéis também ajudavam a financiar a construção do templo.

Joaquim Manuel de Macedo descreve assim no livro Um passeio pela cidade do Rio de Janeiro (1882):

“A casa arruinada na chácara da Bica tinha se tornado o objeto mais vivo de interesse e veneração para os habitantes da cidade. Nela se asilaram as suas flores precursoras do Carmelo brasileiro. A fama de santidade daquelas duas mulheres faziam daquele velho e humilde teto, um recolhimento cheio de prestígio, santificado por orações e aplaudido pelos anjos. Elas esqueciam o descanso e o sono, além da delicadeza do seu sexo e se levavam pelo ardente desejo de verem mais depressa acabada a sua capela”.

A Capela logo ficou pronta e no dia de São Silvestre e último do ano de 1743, o Cônego Doutoral Henrique Moreira de Carvalho benzeu a nova Igreja. No dia seguinte, em uma cerimônia solene foi celebrada a primeira Missa no local pelo carmelita descalço, Padre Frei Manoel Francisco. Padre Manoel foi trazido de Portugal pelo Bispo para acompanhar espiritual mente as irmãs. Francisca e Jacinta estavam vestidas de capas e saias pardas e um véu preto na cabeça. Na ocasião foi entronizada a imagem do orago: O Menino Deus. Jacinta colocou um postigo com um raio de folha do lado do Evangelho e sobre o presbitério e também um pano que impedia a vista, Ali, ela improvisou um confessionário.

Por duas vezes, o Bispo Dom Frei da Cruz as visitou na capelinha e rezou Missa. O Bispo observou a enorme pobreza do lugar e ofereceu duas imagens: uma de Nossa Senhora do Carmo e outra de São João da Cruz que ainda se encontram guardadas nos altares do Convento de Santa Teresa.

Jacinta e Francisca viviam no fundo da chácara em um pequeno quarto e muito simples. Só se comunicavam através de uma pequena janela que estava sempre tampada por um véu. Seus irmãos que também se entregaram a vocação religiosa também viviam com elas só que em outro quarto e com mais liberdade.

OS PRIMEIROS ANOS DA CAPELINHA

Brasão de D; João da Cruz
Em 1745, o Bispo Dom João da Cruz renunciou ao bispado para regressar a Lisboa. A notícia entristeceu muito Jacinta, pois tinha nele uma grande confiança e apoio a sua causa de se tornar uma carmelita. Poucos dias antes de regressar a Portugal, Dom João da Cruz visitou a capelinha e celebrou Missa pela última vez. E animou Jacinta a continuar perseverante na busca por sua vontade, pois um dia Deus a recompensaria. Conta-se que as irmãs choraram muito nessa despedida. A partida do Bispo atrasou de certa forma as pretensões de Jacinta.

Outro duro golpe foi a morte de seu diretor espiritual em setembro do mesmo ano, o Padre Manoel Francisco que teve seu corpo sepultado na Igreja do Carmo da Antiga Sé.

A tristeza da partida de dois grandes amigos transformou-se em alegria quando em 15 de março de 1748, Rosa de Jesus Maria se juntos as irmãs no recolhimento do Menino Deus. Após sua chegada, ouras mulheres a acompanharem: Ana de Santo Agostinho, Maria de Santa Teresa e Ana de Jesus. Logo essas mulheres reconheceram Jacinta como sua superiora.

A MORTE DE FRANCISCA

Francisca foi golpeada de uma grave enfermidade. Contraiu tuberculose pulmonar que a matou no dia 14 de julho de 1748 com apenas vinte e oito anos de idade. Foram inúmeras as histórias contadas nos seus últimos dias de vida e primeiros de morte. Conta-se que uma vez, as irmãs estavam ao lado da Capela e Jacinta pegou algumas pedrinhas no chão e deu para Francisca e lhe falou para plantar que daria coentro. Francisca semeou as pedras e tempos depois colheu coentro. Jacinta então pergunta se não percebeu que lhe dera pedras e Francisca responde que sim, mas creu que se tivesse fé Deus lhe daria o coentro.

Antes de morrer, porém, Francisca teve a alegria de ver mais um irmão seu ordenado: o Padre Sebastião e José Gonçalves. Padre Antônio Nunes, seu confessor assim descreve Francisca:
“Sua vida era de muita pureza de consciência, de coração muito singelo e de espírito muito liberto e recatado, alegre e mortificada, sem fingimentos nem beatices exteriores, muito sofredora, pacífica e humilde, sem apego e obediente, caridosa e dada a oração e muita solidez em seu exercícios religiosos. Era muito trabalhadora apesar se freqüentes queixas de dores temporais”.

Conta-se que após sua morte, seu corpo perdeu a rigidez cadavérica e por dois dias se conservou incorrupto. O povo ia em multidão ver. Os religiosos próximos da Ordem Terceira de São Francisco entusiasmados com os relatos sobre Jacinta e sua irmã, foram até a Capela do Menino Deus oferecer lugar em sua Igreja. Fato que Jacinta negou, pois queria ter sua irmã sempre perto de si.

O corpo de Francisca de Jesus Maria foi sepultado, por desejo de Jacinta, na Capela do Menino Deus.

JACINTA RECEBE NOVAS COMPANHEIRAS

A intercessão de Francisca no céu culminou para o ingresso de novas mulheres. Juntaram-se à Jacinta e as outras quatro mulheres que já estavam lá: Inácia Catarina de Jesus, Isabel do Sacramento, Felipa de Santa Teresa, Maria da Encarnação (irmã do Bispo de Coimbra, Dom Francisco de Lemos de Farias Pereira Coutinho), Ana do Sacramento, Ana de São Francisco, Maria da Conceição, Maria do calvário e Antônia de Jesus. Este aumento considerável de mulheres obrigou Jacinta a redistribuir e organizar novas celas conforme os ensinamentos de Santa Teresa. Só faltava a ereção canônica da nova comunidade, mas isso ainda causaria um longo calvário a Jacinta.

Eram mais de dez mulheres perseverantes e dedicadas que celebravam na capela que Jacinta e seus irmãos construíram os exercícios da religião, as festas de Natal, Santa Teresa com matinas que contava com a presença constante de Gomes Freire.

Com a chegada de tantas mulheres, Jacinta percebeu a grande dificuldade que teria para manter o local com mais despesas e manutenções. Então Jacinta foi procurar o Governador Gomes Freire cheia de esperança que a ajudasse mais uma vez. Gomes Freire, atendendo as súplicas de Jacinta foi visitar a chácara. Ele ficou muito admirado com a vida, tranqüilidade e dignidade que aquelas mulheres viviam e prometeu que arcaria com a construção de um grande convento para que pudessem viver com mais conforto suas vocações.

A primeira providência de Gomes Freire foi levar o novo Bispo do Rio de Janeiro Dom Frei Antônio do Desterro para conhecer a Capela do Menino Deus e as mulheres que a zelavam. O Bispo logo se impressionou com o que viu e concedeu uma bênção, ainda que sem nenhuma formalidade canônica. Para essa bênção Jacinta e suas companheiras vestiram um hábito simples e ficaram descalças. O Governador e o Bispo tiveram que se sentar no degrau da porta por não haver nem uma cadeira para descansarem. Dom Frei Antônio do Desterro sugeriu que elas seguissem a Ordem de Santa Clara tornando-se Clarissas devido às características climáticas do Brasil inviabilizar as práticas da Regra de Santa Teresa. Mas Jacinta resistia bravamente e sonhava um dia ser uma carmelita como foi Santa Teresa.

CONSTRUÇÃO DO CONVENTO DE SANTA TERESA

Poucos sabem, mas apesar do Convento ser de Santa Teresa, a igreja é dedicada a Nossa Senhora do Desterro. Como já foi citado anteriormente, Jacinta voltava da Missa na Ermida do Desterro quando avistou a chácara da Bica. O Convento de Santa Teresa foi construído justamente nessa ermida. Por isso continuou-se a devoção à Virgem do Desterro.

Convento de Santa Teresa
Conta-se que Gomes Freire queria erguer o convento na própria chácara da Bica, porém mudou de idéia. Naquele tempo, era comum construírem igrejas no alto dos morros. No Rio de Janeiro, havia vários exemplos na época, tais como: o Convento de Santo Antônio, Outeiro da Glória, Igreja da Penha, Mosteiro de São Bento. Foi Jacinta também que teria escolhido o local dizendo que se não fosse na chácara da Bica que fosse ao alto do Desterro para que olhasse de lá a capela que levantou com as próprias mãos.

Naquela época, as Igrejas no alto dos morros tinham a características de serem construídas de frente para o mar, mas o Convento das carmelitas fugiu a tradição. Conta-se também que Jacinta foi quem determinou a direção de seu convento. Para erguer o templo, nada melhor do que o melhor mestre de obras da época que era o Alpoim.

Em junho de 1750 foi lançada a pedra fundamental do convento. Com a bênção do Bispo e presença do Governador e do Senado, Jacinta e suas companheiras estiveram presentes. De noite, na Igreja da Lapa, foi oferecido um jantar às donzelas por Gomes Freire. Após o término, elas regressaram para a Capela do Menino Deus.

Começava aí a despedida de Jacinta da Capela do Menino Deus e da chácara da Bica. Um ano demorou para que o convento ficasse pronto. Era o dia 24 de junho de 1751 quando Jacinta assistiu Missa e comungou pela última vez na Capelinha. Conta-se que Jacinta ficou muito triste por ter que deixar aquele lugar para sempre.

O SONHO DE JACINTA E A DESPEDIDA DE SEU PROTETOR

Governador Gomes Freire
Em 1751, Jacinta ambicionou ainda mais a idéia de que o novo convento fosse de Santa Teresa. A autorização do Papa Bento XIV era bem clara de que no convento seria praticada as Regras de Santa Clara. O Bispo do Rio de Janeiro também não apoiava a idéia de ser de Santa Teresa. Por isso, Jacinta embarcou para Lisboa em novembro de 1753 em companhia de seu irmão o Padre Sebastião e do Padre Antonio Nunes, seu confessor, para suplicar a proteção do Rei de Portugal, Dom José I que intercedeu a causa junto ao Papa.

Jacinta voltou de Portugal em abril de 1756 após conseguir autorização do Rei. Mas nem isso fez com que o Bispo mudasse de idéia. Dom Antônio do Desterro passou por cima da decisão da Santa Sé e do Governo Real e entrou em conflito com Jacinta. Jacinta por sua vez poderia ter recorrido a Roma, mas não fez por ser obediente ao seu Bispo mesmo indo contra sua vontade.

Os anos se passaram e em 01 de janeiro de 1763 morria Gomes Freire de Andrade. Seu corpo foi sepultado no presbitério da Igreja do Convento. Na tampa, nenhuma inscrição foi feita em virtude de um pedido do próprio Gomes Freire que morreu sem ver Jacinta professar os votos na regra de Santa Teresa. Hoje, o Governador Gomes Freire tem seu nome dado a uma rua próxima a Capela Menino Deus em homenagem aos seus feitos em favor da Capela Menino Deus e do Convento de Santa Teresa.

Gomes Freire foi um dos maiores responsáveis pela construção da Capela do Menino Deus e do Convento de Santa Teresa. Era um homem em que Jacinta colocava sem temer sua confiança e por isso merece o nosso reconhecimento.

A MORTE DE JACINTA

Era 02 de outubro de 1768 quando no meio de suas companheiras, Jacinta partiu para junto do Pai. Jacinta morreu sem professar a regra da santa de sua devoção. Antes, porém, Jacinta já tinha deixado o futuro de suas companheiras encaminhadas. Nomeou Maria da Encarnação para lhe suceder no comando do convento e insistiu para que aquelas mulheres seguissem na luta de um dia conseguir seguir as regras de Santa Teresa em terras cariocas.

Uma multidão de fiéis correram e ficaram em vigília na grade do templo quando souberam da partida de Jacinta.

Isso não é a história de uma mulher. É a lenda de uma santa. Jacinta nunca foi carmelita descalça, mas foi a verdadeira fundadora do Carmelo no Brasil. Seu corpo foi sepultado ao lado do túmulo de Gomes Freire e repousa lá até os dias atuais.

NASCE AS PRIMEIRAS CARMELITAS DESCALÇAS DO BRASIL

Dom Frei Antônio do Desterro foi visitar o convento após doze anos e reafirmou a Maria da Encarnação que não concederia a autorização pretendida em vida por Jacinta. O Bispo morreu em 05 de dezembro de 1777 sem abrir mão de sua postura no caso de Jacinta.

A morte do Bispo foi um marco para o futuro das carmelitas no Brasil. Seu substituto, Dom José Joaquim Justiniano Mascarenhas Castelo Branco comprou a causa de Jacinta e executou o Breve do Papa Bento XIV e do Governo Real sob a governança da Rainha D. Maria I que em 11 de outubro de 1777, confirmou a licença dada por seu pai as religiosas reclusas. Em 16 de julho de 1780, o Bispo declarou clausura canônica da casa. No dia seguinte impôs o hábito da reforma carmelita e lhes abriu o noviciado.

No dia de São Sebastião do ano de 1781, tiveram as noviças de recolher-se no Convento da Ajuda por três dias. No dia 23 do mesmo mês, saíram em procissão rumo ao Morro do Desterro. Tomadas por véu, as mulheres eram acompanhas pelo povo essencialmente religioso na época que com olhares caridosos as observavam. No céu, Jacinta devia estar satisfeita com seu desejo sendo realizado.

Naquela mesma semana, uma grande cerimônia solene presidida pelo Bispo Dom José, as companheiras de Jacinta fizeram seus votos e professaram oficialmente a Regra de Santa Teresa perante os olhares da multidão que foi testemunhar o ocorrido. A partir daí, o Morro do Desterro começou a se chamar de Santa Teresa e Jacinta enfim, repousou em paz.

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