O Cego de Nascença se tornou Filho da Luz ( 4°. Domingo da Quaresma)
Hoje este cego de nascença foi iluminado. Desceu à piscina de Siloé e recebeu o batismo do Enviado, do Messias, do Cristo que quis receber também o batismo das águas. Não temeu em acreditar Naquele que é a verdadeira Luz do Mundo. Acreditou com a fé que move as montanhas, que moveu o coração do Filho do Homem e conquistou o coração de Deus. Este cego de nascença pode glorificar a Deus porque viu que sua privação da Luz não era uma enfermidade unida ao pecado de seus pais ou ao seu próprio, mas continha misteriosamente a obra da glória do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Diante do abandono e extinção de sua cegueira, a obra nele revelada foi trinitária. Foi o amor trinitário que nele resplandeceu. Ele despertou pouco a pouco de sua cegueira porque acreditou.
O Espírito do Senhor que se apoderou de Davi também tomou posse deste cego bendito na piscina de Siloé. Eram águas amorosas. Foi curado nas águas pelo amor do Espírito. Mas alguns fariseus não acreditaram. Somos nós também uma geração impiedosa que pede sinais a Deus, mas permanece de olhos vendados? Que quer santificar o seu Nome, mas não silencia para escutar sua voz? Marcados pela ferida de nosso orgulho imperioso que envolve nossa razão vulnerável, aninha-se em nós o pecado e já não inclinamos à fronte para que o Filho do homem trace em nós sua divina e alegre unção. Nossa soberba é ruidosa. Por isso, se às vezes caminhamos nas trevas, entre sombras e terrível escuridão, fomos nós que elegemos nossa cegueira como deus maior. Preferimos enxergar o mundo com um olhar turvo e opaco, obnubilado, sem esperar nenhuma outra luz que não refletisse tão somente nosso egoísmo e incredulidade, nosso desamor e desconfiança, acostumados a conviver com nossas trevas como se fossem nosso melhor tesouro, sem nada mais esperarmos, cultivando um destino trágico, longe de Deus, do seu Espírito que desde sempre pairou sobre as águas de nosso mundo (Gn 1, 2).
Ó águas da piscina de Siloé, lavai-nos! Era sábado, mas o Senhor da Vida mergulhou um pobre cego de nascença em sua Vida abundante. Do seio escondido do profeta, pela saliva e pela terra ele viu a Luz do mundo, o seu Salvador! E Jesus “veio para o que era seu e os seus não O receberam” (Jo 1, 11).
Neste encontro com Jesus o cego de nascença também se tornou filho da Luz. Porém, aqueles que julgavam ver foram sepultados em sua própria justiça, que tudo mede e exige e nada doa, apenas segrega. Os chefes religiosos que expulsam o cego da Sinagoga não querem testemunhar a glória de Deus na carne de um mendicante, nem seus pais o fazem por medo e covardia, mas no coração do cego que agora vê ressoa uma santa palavra profética: “ainda que tua mãe te esquecesse eu não me esqueceria de ti” (Isaías 49, 15). No entanto, o Deus de Jesus Cristo é sua Testemunha, “escolhe o que é fraqueza no mundo para confundir o que é forte” (1Cor 1, 27b). É a sabedoria da cruz! É a sabedoria do amor de Jesus!
Hoje somos nós este cego de nascença. Desceremos nós à piscina de Siloé e receberemos o batismo do Enviado? Ele aprendeu a caminhar como discípulo seguindo os passos de Jesus. Para ele irrompeu novo horizonte de alegria porque se prostrou aos pés do seu Senhor compassivo. Jesus, restituindo a sua vista, lhe apresentou seu reino da graça e da misericórdia. Agora ele caminhava na fé do Filho do Homem. Andava como quem tem no coração a Luz da Vida, como quem encontrou o Amor que tudo redime e ilumina.
Pe. Silmar A. Fernandes - Rio, 3/04/11
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